Mulheres e crianças entre as
principais vítimas de conflitos na África
Nos últimos dez anos,
dois milhões de crianças foram mortas em conflitos armados ou outras
situações de violência.
O encontro de Kinshasa é organizado
pela ADEA em colaboração com os Ministérios da Educação do Quênia e da RD Congo
e a UNESCO-BREDA. Segundo o mesmo, 90% das vítimas mortais dos conflitos
armados dos últimos anos na África são civis, das quais 80 por cento são
mulheres e crianças - revela um documento da Associação para o Desenvolvimento
da Educação em África (ADEA). Realça que, nos últimos dez anos, dois milhões de
crianças foram mortas em conflitos armados ou outras situações de violência. Cerca
do dobro deste número, ficaram “gravemente feridas ou incapacitadas para toda a
vida, e milhões de outras foram obrigadas a assistir ou a participar em
atos horríveis de violência, ao passo que as que sobreviveram ficaram
vulneráveis, abandonadas e expostas ao serviço militar”.
A
nota cita dados de agências humanitárias não governamentais e do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) sobre a situação dos
conflitos em África. De acordo com estes dados, os conflitos armados
e outras situações de violência separaram milhões de crianças dos seus lares e
desintegraram as suas famílias e comunidades, deixando-as “expostas à
exploração sexual e ao tráfico de seres humanos”. “Estes horrores são
exacerbados pelo caráter limitado ou mesmo inexistente de possibilidades de
educação, deixando adolescentes dos dois sexos amedrontados, desgastados e
frustrados pela vida”, indica o documento. Em tais circunstâncias, acrescenta,
a vida militar aparece como a opção mais atrativa, sobretudo para os mais
pobres e marginalizados, e a sede do poder passa a ser um “fator de motivação
muito forte”, quando os jovens se sentem impotentes ou na impossibilidade de
aceder a recursos básicos, levando-os assim a pegar em armas para chegar ao
poder e ser reconhecidos.
Apesar de comunidades inteiras sofrerem
as consequências dos conflitos armados, as mulheres são particularmente afetadas,
devido ao seu sexo e à sua condição social. As partes envolvidas no conflito
violam frequentemente as mulheres, utilizando, por vezes, a violação de forma
sistemática como táctica de guerra. Outras formas de violência de que as
mulheres são alvo em situação de conflito incluem o assassinato, o abuso sexual,
a gravidez forçada e a esterilização forçada. Apesar disto, as mulheres não devem
só ser vistas como vítimas da guerra. Elas assumem um papel essencial de
garante do sustento familiar, no meio do caos e da destruição, são
particularmente cativas nos movimentos pela paz, ao nível das suas comunidades.
No entanto, a ausência das mulheres nas mesas das negociações é um facto
inegável.
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